Interessante e Humor - página 1362

 
 
Bonita chae... :)))
 

 

O ano é 2078.

- Pai, posso carregar o teu cartão de 99 libras? O livro precisa de ser pago...
- Oh, qual é o livro?
- Ah, esse mesmo. Dostoyevsky.
- Então, porquê comprá-lo? Temo-lo.
- Sim? que ficheiro?
- O que é que o ficheiro tem a ver com isto? Está mesmo ali, na prateleira.
- Whew. É um livro de papel!
- E então? Eu li quando tinha a vossa idade.
- Quando eu tinha a tua idade, quando tinha a tua idade... Não há pesquisa. Como é suposto eu encontrar as citações? Não há acompanhamento áudio. Também não há imagens animadas. É apenas texto, e não se pode sequer mudar a fonte. O quê? Eles vão gozar comigo na escola! Leia-o você mesmo.
- Muito bem. Aqui, leve o DVD. Comprei-a há quinze anos.
- O quê? um DVD? Como espera que eu leia esta antiguidade? Leve-o ao Museu Politécnico. Deve oferecer-me também uma fita perfurada de Dostoevsky!
- Se é tão esperto, vá à rede e descarregue-o gratuitamente.
- Um download gratuito?!
- Bem, sim. Que mais poderia ser? Os livros de Dostoevsky não têm direitos de autor há anos. Tenho a certeza que está algures por aí.
- Vá lá, pai! Talvez no início do século pudesse descarregar tudo de graça. Não ouviu dizer que já passaram cinco anos desde que os direitos de autor de todos os livros foram transferidos permanentemente para a Associação Americana de Editores de Livros? Ou quer que eu seja preso para toda a vida como membro do culto Dimitri Sklyarov?
- Bem, Dostoyevsky não é americano! Isto não tem nada a ver com editoras americanas.
- Quem se importa? Não és um anti-globalista, pois não, pai?
- Não, não estou! Bem, filho, é uma pena gastar quase 100 dólares por um ficheiro. Bem, é melhor pedir o ficheiro aos seus colegas de turma. Têm a certeza de ter um. E depois dar-lhes-á um ficheiro seu.
- Aha! se me derem o seu Dostoevsky, onde o vou ler?
- O que quer dizer? Eles guardam a sua cópia em casa e você guarda a sua aqui.
- Bem, é completamente retardado. Só se pode ler um livro a partir do computador onde o comprou. E o código de polarização será diferente. Seja como for, pai, dá-me o dinheiro! Vou comprar um livro próprio.
- Muito bem. Aqui está uma senha única para tirar 99 libras da nossa conta. No nosso tempo, 100 dólares era muito dinheiro.
- Está bem. Descarregado. Obrigado.
- Ei, deixa-me ver essas fotografias, filho. O que são elas? Não creio que isso estivesse no romance.
- Bem, são faixas. Sem as bandeiras, o livro custa 699 libras.

O ficheiro aberto está cheio de anúncios intermitentes.

- Ei, filho, porque não consegues ver o texto do romance? Devemos esperar que as bandeiras desapareçam?
- Bem, parece que caiu da lua! Estará à espera durante cem anos. É preciso ler o texto através de óculos polarizadores. Sem óculos, só se pode ver os anúncios!
- Para que serve isso?
- Para quê? Para que ninguém a não ser a pessoa que pagou pelo livro o possa ler! Imagine se eu comprasse um livro e alguém sem comprar nada o pudesse ler por cima do meu ombro.
- Isso é ridículo. Bem, e se eu também usasse óculos?
- Oh, vá lá! O ficheiro só está preparado para os meus óculos. Os outros copos têm um código de polarização diferente.
- Muito bem, dê-me os seus óculos. Vou olhar para o livro através deles.
- Como se pode fazer isso? Não conseguem identificá-lo pela sua retina. Não se consegue ver nada através deles, excepto a mensagem de que se está a usar os óculos de outra pessoa! Muito bem, pai, não te metas no caminho das tuas parvoíces! Tenho de ultrapassar isto rapidamente antes que a minha licença acabe, ou então terei de renovar o contrato de arrendamento do ficheiro ou o livro destruir-se-á a si próprio. Não interfira, estou a ler.

Três horas mais tarde...

- Phew! É isso mesmo. Já o li!
- Como leu tudo isto? Em três horas?!
- Bem, sim. Eu poderia tê-lo lido mais depressa se não houvesse um intervalo comercial de meia em meia hora.
- Continuo a não acreditar! Quem, por exemplo, é Svidrigailov?
- Quem é quem?
- Ah, tudo isto faz sentido. Quem é Luzhin? Quem é Sonya Marmeladova?
- Oh, você é um tolo! Como hei-de saber! Li a Edição Home. Tudo o que tenho é como Raskolnikov matou uma mulher idosa com um machado e depois entregou-se. Para todos os outros, tem de comprar a Edição Profissional ou a Edição Empresarial. Não temos assim tanto dinheiro.

ij_adult (c)

 
A partir deste texto (sobre o livro de 99 anúncios) compreendo que o dólar não corre perigo - é como Lenine - foi, é e será...
 
 
A conta do gás chegou e o preço subiu. Parece que a Gazprom tem um novo sonho.
 
Nada restringe as suas acções como a frase: "faça o que quiser".
 
Mischek:
Nada restringe as suas acções como a frase: "faça o que quiser".
É uma questão de opinião. ))