Por que algumas pessoas conseguem enriquecer e outras não? O contabilista e educador financeiro Ricardo Pereira, do portal Dinheirama, elencou dez erros comuns que as pessoas cometem no dia a dia e que as impedem de alcançar a independência financeira.
Dentre os principais erros, Pereira destaca a falta de uma reserva de emergência e a tendência a financiar qualquer sonho de consumo.
A reserva de emergência, segundo ele, não deve ser confundida com investimentos. Essa reserva serve para garantir a manutenção do padrão de vida em momentos de crise como desemprego ou doenças na família. Segundo Pereira, a reserva de emergência ideal deve ser de pelo menos 10 meses de renda que permita a manutenção do padrão da família.
Já o financiamento dos sonhos de consumo, é, segundo o educador, um erro muito grave. Comprar celular, geladeira, TV, carro, em prestações a perder de vista, pode afastar qualquer um do caminho da independência financeira. "É comum em pessoas que têm dificuldade de lidar com a frustração de esperar o momento certo de consumir. O pior erro é consumir sem planejar", diz.
Veja, a seguir, 10 erros a evitar para conseguir lidar melhor com o dinheiro.
1) Não aproveitar a alta taxa de juros. Boa parte dos brasileiros ainda associa investimentos exclusivamente à caderneta de poupança. O educador afirma que hoje já existem fundos de renda fixa que oferecem rentabilidades melhores que a poupança dependendo de sua taxa de administração (até 1,5% ao mês).
Outro investimento que chama a atenção e que oferece rentabilidades interessantes, segundo ele, é o Tesouro Direto. "O investidor pode montar uma estratégia levando em consideração os cenários de inflação e política de juros." Segundo ele, o importante é descobrir que existem boas oportunidades que podem diminuir perdas em relação à inflação e conseguir bons rendimentos.
2) Não ter uma reserva de emergência. A reserva de emergência precisa ficar separada dos demais investimentos. Não pode ser confundida com investimentos. Os objetivos de aplicações são ligados a aposentadoria, compra de um imóvel, viagem etc.
Quem não cria a reserva de emergência pode acabar sabotando a realização desses objetivos para suprir necessidades emergenciais no caso de perda de emprego ou doença, por exemplo. A sugestão do educador é que esse dinheiro fique em um produto longe de riscos e fácil de ser resgatado a qualquer momento, como a caderneta de poupança.
3) Considerar carro como investimento. O erro aqui está no fato de a compra do carro normalmente ser uma decisão muito emocional. "Decisões financeiras tomadasno calor da emoção são sempre terríveis para o bolso", diz. O carro, porém, é um item de despesa que vai trazer além das parcelas (em um possível financiamento), uma família de gastos: combustível, impostos, seguro, estacionamento, manutenções, depreciação do bem etc. A dica é fazer as contas e verificar o tamanho dos gastos para decidir se o carro pode ser comprado ou não.
4) Não falar de finanças com o parceiro. O principal erro dos casais é não dar importância ao tema dinheiro logo no início da relação. "Normalmente, o assunto vem à tona quando o problema já está muito grave", diz.
Para o educador, o melhor caminho é manter um diálogo sobre as finanças do casal para que possam definir, em conjunto, os objetivos para o futuro. Se apenas um dos parceiros cuidar das finanças e tiver problemas, isso pode trazer desgaste e perda de confiança entre o casal.
5) Sempre financiar os sonhos de consumo. Usar linhas de crédito como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito para financiar a compra de bens de consumo é um erro. O educador diz que o pior erro é consumir sem planejar.
O financiamento pode ser uma boa alternativa para a criação de patrimônio, como no caso do financiamento de imóveis, mas não pode ser usado para qualquer sonho de consumo. O ideal é poupar para comprar à vista ou financiar o mínimo possível.
6) Não aprender com seus erros. Muitas vezes as pessoas tomam decisões financeiras erradas sem perceberam. Um exemplo é ficar pendurado no rotativo do cartão de crédito pagando um juro médio de 232% ao ano (segundo pesquisa da Anefac - Associação Nacional dos Executivos em Finanças, Administração e Contabilidade, de maio/14) e ao mesmo tempo mantendo dinheiro guardado na poupança, cuja rentabilidade é menor que 7% ao ano. É importante ficar atento para ver se não está perdendo dinheiro ao tomar esse tipo de decisão.
7) Achar que o gerente do banco é o melhor conselheiro de finanças. Ricardo Pereira diz que, muitas vezes, o gerente do banco funciona mais como um vendedor que tem metas a cumprir e indica produtos que podem não ser adequados ao perfil do investidor.
Um exemplo é indicar títulos de capitalização como investimento, quando, na verdade, esse produto funciona mais como uma loteria. "A dica aqui é passar a se interessar mais sobre finanças e investimentos para que a conversa com o gerente se dê em um nível diferente. É fundamental chegar ao gerente sabendo o que quer, e não o contrário."
8) Não investir porque não sobra dinheiro. A estratégia correta é investir assim que recebe o salário e ajustar as despesas para o que sobra. Se alguém constantemente gasta mais do que ganha fica claro que essa pessoa tem um padrão de vida maior do que ela pode.
Nesse caso, é preciso ajustar esse padrão para uma realidade que permita que ela poupe ao menos 10% da renda para investir.
9) Não se informar sobre finanças pessoais. Para o educador, muitas pessoas pensam nas finanças como faziam seus avós: associam investimento à caderneta de poupança.
No entanto, novos produtos surgem todos os dias e é indispensável sair da zona de conforto para garimpar as boas oportunidades. "Ler sites, blogs, revistas, livros e investir em cursos é um esforço que, no decorrer do tempo, faz muita diferença", diz.
10) Acreditar em esquemas rápidos para enriquecer. Diz o ditado que, quando a esmola é grande, o santo desconfia. "As pessoas precisam perceber que ninguém fica rico com investimentos da noite para o dia (a não ser se ganhar na loteria, receber uma herança).
É preciso esforço e planejamento. "Ainda tem gente que fica caçando na internet produtos com fórmulas mágicas que prometem mundos e fundos", diz. "E os golpistas se aproveitam dessa ganância e vontade de ganhar dinheiro fácil para ludibriar."