Lagarde diz que 2015 tem de ser o ano das reformas estruturais

15 janeiro 2015, 23:42
TraderIndex70
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Christine Lagarde, a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), afirmou nesta quinta-feira que a descida do preço do petróleo e uma retoma mais vigorosa que se está a observar nos Estados Unidos são boas notícias para a economia mundial, mas não podem servir de pretexto para adiar reformas estruturais capazes de aumentar o potencial de crescimento, sem o qual a redução do desemprego e da dívida será muito mais difícil. 

Falando em Washington perante o "Council on Foreign Relations", em vésperas da apresentação da actualização das Perspectivas Económicas Mundiais, prevista para segunda-feira, Lagarde frisou que "o preço do petróleo e a economia norte-americana não são a cura para as fragilidades profundamente enraizadas que persistem noutros quadrantes do mundo". "Demasiados países estão ainda sob o peso do legado da crise financeira, no que se inclui dívida e desemprego elevados. Demasiadas empresas e famílias estão ainda a retrair o investimento e o consumo porque estão preocupadas com o baixo crescimento no futuro". 

Esse é o caso agora do Brasil e Rússia, países emergentes cuja descida do petróleo significará menos receitas, ao passo que a alta do dólar tenderá a agravar os balanços das empresas que, nos últimos anos, contraíram empréstimos essencialmente na divisa norte-americana que terão agora de reembolsar a um câmbio mais alto. 

Mas os principais alertas de Lagarde vão para a Zona Euro e Japão, que "arriscam ficar presos num mundo de baixo crescimento e de baixa inflação por um período prolongado, o que tornará ainda mais difícil para muitos países do euro reduzir o desemprego e as suas dívidas públicas e privadas excessivas, o que aumentará o risco de recessão e de deflação". A directora-geral do Fundo realça que a desvalorização do preço do barril de petróleo poder dificultar ainda mais o trabalho da Zona Euro tendo em vista o estímulo dos níveis de inflação, facto "que aumenta os riscos de deflação" no bloco do euro, conclui. 

Neste contexto, a política monetária deve ser o mais acomodatícia possível e a consolidação orçamental deve ser "o mais amiga do crescimento possível". Mas, acrescentou, "acima de tudo, os decisores políticos têm de finalmente avançar com reformas estruturais". "Deixem-me ser muito clara: mais de seis anos depois do início da Grande Recessão, demasiadas pessoas ainda não sentem a recuperação da economia. Em demasiados países, o desemprego permanece elevado e as desigualdades ampliaram-se. É por isso que precisamos de um empurrão decidido nas reformas estruturais que possa aumentar o crescimento actual e potencial".

 Segundo Lagarde, "2015 tem de ser o ano da acção" neste domínio, o que "significa remover distorções profundas que persistem nos mercados de trabalho e de produtos". Em paralelo, a directora-geral do FMI volta a aconselhar mais investimento, em particular na Alemanha, e aconselha os países europeus a porem em marcha o mais rapidamente possível o "ambicioso" Plano Juncker, que promete viabilizar 315 mil milhões de euros de investimentos estruturantes nos próximos três anos. 

( notícia do Jornal de Negócios datado de 15 de Janeiro, 2015