Depois de quase 50 anos, a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, com ministros de finanças, executivos e acadêmicos de todo o mundo, volta a ser realizada na América Latina esta semana.
Neste ano, Lima, no Peru, vai sediar o encontro que deverá discutir os rumos da economia global, que vem sofrendo com a recuperação lenta dos países desenvolvidos, com a maior desaceleração dos emergentes, com o risco de contágio da expansão mais lenta da China, com a queda no preços das matérias-primas e com a possível alta da taxa de juros nos Estados Unidos.
Estes deverão ser os eixos centrais da reunião, com delegados dos 188
países-membros do FMI, que ocorrerá até domingo (11). Ao mesmo tempo
também acontecerá um novo encontro ministerial do G20, formado pelas 20
maiores economias do planeta. Estão previstas as presenças do ministro
da Fazenda Joaquim Levy e do presidente do Banco Central (BC), Alexandre
Tombini.
No seu relatório mais recente, o “World Economic Outlook”, apresentado em Lima, o fundo reduziu as expectativas de avanço da economia mundial, para 3,1% em 2015 e 3,6%, no ano seguinte, já que grande parte dos países teve suas estimativas de crescimento diminuídas.
As perspectivas também são desfavoráveis para a América Latina como um todo. Neste ano, a economia do bloco deverá recuar 0,3% e no próximo, deverá crescer 0,8%.
Nas economias avançadas, o FMI prevê números positivos – porém, abaixo
do que foi anteriormente previsto, chegando a 2% em 2015 e a 2,2%, em
2016.
"As economias da região precisam recuperar o grau de credibilidade, a
certeza em termos de que mudanças vão adotar, e para que tipo de
diversificação querem avançar", apontou Christine Lagarde, diretor do
FMI, em recente pronunciamento, em referência à excessiva dependência
das exportações de matérias-primas.
As perspectivas do FMI sobre o desempenho da economia brasileira neste ano também pioraram, e os técnicos já veem uma retração de 3%, o dobro da estimativa anterior, como era previsto. Para 2016, as perspectivas também ficaram negativas. A previsão é de queda de 1,7%.
No final de setembro, a diretora do FMI, Christine Lagarde já havia
adiantado que as avaliações não eram positivas para países emergentes
como Brasil e Rússia. "Economias emergentes deverão ver seu quinto ano
consecutivo de taxas de crescimento em declínio. Países como Brasil e
Rússia estão enfrentando sérias dificuldades financeiras. O crescimento
na América Latina, em geral, continua a desacelerar rapidamente",
afirmou Lagarde, na ocasião.
Hostilidade
O Fundo Monetário Internacional escolheu uma das regiões do mundo mais
hostis a sua forma de atuação. Em entrevista à agência France Presse,
Claudio Loser, ex-chefe da divisão da América Latina no FMI. "Existe há
tempos um discurso no continente segundo o qual o FMI é um instrumento
de um novo tipo de imperialismo."
Segundo o ex-dirigente, ao realizar o encontro pela primeira vez em 50
anos na América Latina, especificamente em Lima, o FMI também quer
demonstrar que os tempos mudaram e que quer “virar a página”.
"A região não mudou muito nos últimos vinte anos e o Fundo também
evoluiu", disse Werner, para quem a relação é "menos conflitiva e mais
construtiva que no passado", afirmou em entrevista à France Presse.