NOVA DÉLHI - O crescimento econômico da Índia avançou no seu ritmo mais rápido em mais de dois anos, superando estimativas de economistas, depois que o banco central do país decidiu não elevar sua taxa básica de juros.
O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) subiu 5,7% nos três meses encerrados em junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. Trata-se do maior avanço desde o primeiro trimestre de 2012 e se compara ao PIB de 4,6% do trimestre anterior, informou por nota nesta sexta-feira o Escritório Central de Estatísticas (CSO, em inglês), em Nova Délhi. Os 48 analistas ouvidos pela Bloomberg News previam em média um PIB de 5,5%.
Trabalhador indiano do setor têxtil com as mãos sujas de tinta azul: setor manufatureiro contribuiu para avanço do PIB - Dhiraj SIngh / Bloomberg
Um crescimento econômico vigoroso é crucial para que o primeiro-ministro Nerenda Modi honre sua promessa de reduzir o déficit fiscal para o menor nível em sete anos, após ter mantido os subsídios em boa parte inalterados. Ele enfrenta o desafio de rejuvenescer a terceira maior economia da Ásia em meio ao risco de que um período de monção mais fraco afete a produção agrícola e alimentar uma pressão inflacionária na região.
— Não há dúvida de que se trata do início de uma recuperação — disse Prasanna Ananthasubramanian, economista-chefe da ICICI Securities Primary Dealership, de Bombaim. — Um olhar mais próximo revela que a economia foi estimulada por gastos do governo. Para um crescimento sustentável, é crucial que se obtenha a mistura certa de crescimento industrial e seu impacto no setor de serviços.
O índice da Bolsa A&P BSE Sensex subiu 0,3% na quinta-feira em Bombaim; a rúpia indiana perdeu 0,1%, para 60,515 por dólar e o rendimento do bônus soberano de dez anos do país ficou praticamente inalterado em 8,56%. Os mercados financeiros indianos estão fechados nesta sexta-feira devido a um feriado local.
CONTROLE FISCAL
Os setores de finanças e segura saltaram 10,4% no trimestre, ao passo que a produção de energia elétrica e gás subiu 10,2%, segundo uma nota do CSO. O segmento de manufatura cresceu 3,5%, ao passo que a produção agrícola avançou 3,8%. A área de mineração contribuiu com 2,1%. A formação bruta de capital fixo, um indicador de criação de ativos, avançou 7%.
— O crescimento de capital fixo mostra um salto no investimento nas costas de um governo estável — disse Rupa Rege Nitsure, economista-chefe do estatal Bank of Baroda, com sede em Bombaim. — Isto parece ser o início de uma recuperação gradual e é um bom sinal para o futuro.
A moeda indiana encerrou sua valorização este ano depois que o ministro de Finanças, Arun Jaitley, parou de cortar subsídios e gastos em seu primeiro Orçamento. Em vez disso ele está apostando em uma alta das receitas de impostos para controlar o déficit fiscal.
O governo vai precisar dar passos para mobilizar as receitas de impostos e impor uma disciplina fiscal estrita para alcançar a meta de reduzir do déficit fiscal para 4,1% do PIB, ante 4,5% no ano passado, informou o Reserve Bank of India (o banco central indiano) no último dia 21 de agosto.