A zona do euro voltou a registrar uma melhora em dois de seus dados econômicos nesta terça-feira: o desemprego caiu em fevereiro e a queda de preços cessou em março, mês em que o Banco Central Europeu (BCE) lançou sua operação de compra maciça da dívida.
A inflação continuou negativa em março na zona do euro, segundo a primeira estimativa da agência europeia de estatísticas Eurostat, embora a contração de preços tenha desacelerado em relação aos meses anteriores.
Os preços caíram 0,6% em janeiro e 0,3% em fevereiro, impulsionados pela energia mais barata, que continua impactando o índice geral, embora o nível deste mês afaste um pouco mais risco de deflação na zona do euro.
Para compensar esse risco, o Banco Central Europeu (BCE) lançou no início de março um amplo programa de flexibilização quantitativa que prevê a compra de mais de 1 bilhão de euros de dívida pública e privada até setembro de 2016.
"O BCE interveio eficazmente antes de que a queda antecipada da inflação tivesse tempo de se transformar em uma tendência deflacionária de salários e preços e se estendesse à economia real", avaliou Teunis Brosens, do banco ING.
A deflação é um fenômeno nocivo para a economia caracterizado por uma queda prolongada e generalizada de preços, que adia o consumo na expectativa de que os preços continuem baixando, e repercute sobre uma redução salarial.
A inflação registrada é um "alívio" para o BCE, que deve manter a evolução de preços um pouco abaixo dos 2%, segundo Howard Archer, da IHS Global Insight.
"A significativa desvalorização do euro, a melhora no crescimento da Eurozona e uma contração mais limitada (do preço) do petróleo em relação a janeiro -quando foram registrados os preços mais baixos- parecem diluir o risco prologado de deflação", acrescentou, indicando que os países da moeda única podem "possivelmente" sair da espiral deflacionista em abril.
Entretanto, nem todos os economistas compartilham esta opinião. Jonathan Loynes, da Capital Economics, estima que os dados da inflação e do desemprego "contribuem pouco para risco prolongado de um período de deflação".
Loynes explica que a queda de preços, que desacelera, se deve a um aumento dos preços da alimentação e da energia e que "sem dúvida reflete a queda do euro durante o mês".
"A inflação básica (sem os preços de energia álcool e tabaco) caiu de 0,7% a 0,6% em março, o que enfatiza a a pressão mais fraca sobre os preços na região".
O desemprego caiu em fevereiro na zona do euro a 11,3%, atingindo o nível mais baixo desde maio de 2012, uma boa notícia para Howard Archer, que ressalta que foram registrados 329.000 desempregados a menos entre dezembro e fevereiro, a queda mais importante no período de três meses desde abril de 2007.
"O mercado de trabalho tira proveito da melhora no crescimento na Eurozona no primeiro trimestre de 2015", avaliou Archer.
Embora a taxa de desemprego se afaste do pico de 12% alcançado em maio de 2013, o nível registrado neste mês "continua sendo muito alto", afirmou Jonathan Loynes.
A Grécia e a Espanha seguem sendo os países com maior desemprego na zona do euro. Na Grécia, o desemprego foi de 26% em dezembro, segundo os últimos dados disponíveis.
Na Espanha, onde o governo prognosticou recentemente uma expansão do PIB de 2,8% em 2015, o desemprego continua caindo, apesar de ser o segundo país com maior proporção de desempregados na zona do euro (19 países) e na UE (28 países).
Em fevereiro, a Espanha registrou um desemprego de 23,2%, dois décimos a menos do que em janeiro, e passou assim de 5,380 milhões de pessoas sem trabalho para 5,326 milhões, segundo a Eurostat. Há um ano, em fevereiro de 2014, o desemprego era de 25,2%.