O dólar comercial, que tinha subido na manhã desta quarta-feira (18), inverteu a tendência após o Federal Reserve (banco central dos EUA) sinalizar um aumento nas taxas de juros nos próximos meses, mas com uma análise considerada mais cautelosa dos indicadores da economia americana.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve queda de 0,31%, para R$ 3,267. O dólar comercial, usado no comércio exterior, fechou em baixa de 0,55%, para R$ 3,213. Na máxima, a moeda bateu R$ 3,28 e na mínima, R$ 3,20.
A Bolsa fechou em alta pelo terceiro dia seguido. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário, subiu 2,47%, para 51.526 pontos. Das 68 ações negociadas, 59 subiram e nove caíram.
EUA
O Federal Reserve deu mais um passo nesta quarta para iniciar o aumento das taxas de juros americanos a partir de meados deste ano. Em seu comunicado, que tem sido uma espécie de bússola sobre o início da alta de juros, o Fed retirou a palavra "paciência", que servia para sinalizar que seguiria observando com paciência a evolução dos indicadores de inflação e de emprego antes de aumentar as taxas de juros.
O banco central praticamente descartou um aumento dos juros na reunião de abril, o que fez com que os mercados passassem a esperar uma alta das taxas a partir de junho, como já era esperado pelos mais pessimistas. Os otimistas acreditavam que as taxas pudessem subir a partir de setembro.
Embora o Fed tenha mostrando que está se aproximando de elevar os juros, novas projeções do banco central revelaram uma visão mais cautelosa do cenário econômico. O relatório trimestral do Fed de projeções econômicas apontou corte na perspectiva de inflação para 2015 e reduziu dramaticamente a trajetória para a taxa de juros. O banco central americano reduziu sua visão sobre a atividade econômica, dizendo que o crescimento "moderou um pouco", uma diferença em relação a dezembro, quando citou que a atividade econômica estava se expandindo a um ritmo sólido.
Uma alta de juros nos EUA tem o potencial para retirar investimentos nos demais países, com impacto previsto de desvalorizar moedas dos países emergentes, como o Brasil.
"O Fed deu sinais claros de que não está convicto de que, no curto prazo, a economia americana está forte o suficiente para que possa subir os juros", avalia Fabiano Rufato, gerente-sênior da mesa de câmbio da corretora Western Union.
Para Carlos Pedroso, economista sênior do Banco de Tokyo-Mitsubishi, a queda da moeda americana não só em relação ao real mas ante outras divisas emergentes sinaliza uma maior aposta de aumento a partir de setembro.
"Aumentou a chance de que o Fed não comece as elevações em junho. O aumento vai ser mais suave, pois as próprias projeções dos membros do Fed foram revistas para baixo", avalia. O dólar fechou em queda em relação a 17 das 24 principais moedas emergentes.
Na manhã desta quarta, o Banco Central deu sequência às vendas de contratos de swap cambial (que equivalem a uma venda futura de dólares) que tem sido feitas normalmente, segundo programa de intervenções no mercado já em vigor.
BOLSA
Após subir 2,94%, o Ibovespa fechou em alta de 2,47% nesta quarta-feira, impulsionado pelas valorizações de papéis da Petrobras e de bancos.
As ações preferenciais da petrolífera -mais negociadas e sem direito a voto- subiram 4,27%, para R$ 9,27. As ações ordinárias, com direito a voto, fecharam com alta de 4,36%, para R$ 9,09.
Os papéis do Itaú Unibanco encerraram o dia com avanço de 3,02%, para R$ 35,85, enquanto as ações do Bradesco avançaram 3,94%, para R$ 36,90.
As ações da Ecorodovias registraram a maior baixa do pregão. Os papéis da empresa caíram 3,68%, para R$ 9,15, após o resultado do leilão da ponte Rio-Niterói. A empresa venceu o leilão ao apresentar uma tarifa de pedágio de R$ 3,2844, um deságio de 36,67% em relação à tarifa máxima de pedágio estipulada, de R$ 5,1862.