O Governo da Dinamarca está a preparar-se para combater uma bolha imobiliária, que poderá surgir devido às medidas tomadas para garantir a ligação da coroa ao euro. Os créditos hipotecários já atingiram taxas negativas.
O ministro da Economia da Dinamarca afirmou que está a monitorizar o mercado imobiliário e que está pronto a intervir caso os esforços para defender a ligação entre a coroa dinamarquesa e o euro causem distorções insustentáveis nos preços da habitação, relata a agência noticiosa Bloomberg, esta quarta-feira, citando uma entrevista dada pelo ministro na segunda-feira, 9 de Março.
Depois do banco central da Suíça cortar a indexação do franco ao euro, a Dinamarca tem sido apontada como o próximo país que poderá deixar cair a ligação à moeda única. Para defender a ligação cambial, o país tem tomado várias medidas. O banco central da Dinamarca cortou a taxa de juro dos depósitos quatro vezes, até -0,75% e tem constituído reservas de moeda estrangeira, para controlar a valorização da moeda nacional, que atingiram um nível recorde de 40% do produto interno bruto (PIB), segundo dados da Bloomberg. O Governo suspendeu a emissão de dívida pública para diminuir os activos que os investidores podem adquirir em coroas dinamarquesas.
Estas medidas levaram à queda das taxas de juro nos mercados dinamarqueses. Os créditos hipotecários com prazos mais curtos têm já taxas de juro negativas, que os bancos estão a aplicar, relata a agência. Isto significa que os clientes poderiam estar a ser remunerados, se não fosse a taxa administrativa cobrada pelos bancos, o "spread", que dependendo do seu valor, pode anular o juro negativo.
Este cenário de financiamento barato levou à subida dos preços das habitações, que estão a atingir máximos históricos e a exceder os níveis do pico de 2007 em algumas zonas de Copenhaga. "Em 2008, rebentou uma bolha do mercado imobiliário na Dinamarca, que empurrou a economia para a recessão. Já atravessámos uma bolha imobiliária antes e estamos basicamente onde começámos", disse o ministro Morten Oestergaard na entrevista, citada pela Bloomberg.
O Governo está por isso "a monitorizar" a situação, não estando ainda a discutir uma intervenção no mercado, assegurou o ministro. O desafio é conciliar a defesa necessária da ligação ao euro – acordado a nível europeu através do Mecanismo de Taxas de Câmbio – e equilibrar o mercado imobiliário, diz o ministro. "Mas o mandato político é tão forte que ninguém questiona que a principal prioridade é manter a ligação ao euro", afirmou o ministro na entrevista. E por enquanto, as taxas de juro baixas associadas aos preços baixos do petróleo continuam a ser positivos para uma economia em recuperação lenta como a Dinamarca, defende o ministro.
A coroa dinamarquesa desvaloriza esta quarta-feira 0,07% para os 0,1341 euros. Chegou a cair 0,15% para os 0,1340 euros, ou seja um euro equivalia a 7,4501 coroas. O objectivo do banco central é fixar um câmbio de 7,46038 coroas dinamarquesas por euro.
( notícia do jornaldenegocios datado de 11 de Março de 2015 )
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