Operadores nos EUA se posicionam para ação mais tardia do Fed

Operadores nos EUA se posicionam para ação mais tardia do Fed

13 janeiro 2015, 19:00
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Os operadores de contratos de taxa de câmbio nos Estados Unidos apostam, com força, que a queda dos preços do petróleo, da inflação e o crescimento medíocre dos salários vão adiar a adoção do aperto de política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) neste ano.

Os contratos futuros de juros subiram significativamente na semana passada. O mercado se concentrou na queda dos salários, e não no sólido resultado do crescimento da criação de vagas de dezembro. A renda média do trabalho nos EUA caiu 0,2% ao longo do mês, e sua alta anualizada foi de 1,7%, o menor ritmo dos últimos dois anos.

Autoridades do Fed disseram que serão "pacientes" ao avaliar os dados econômicos que estão chegando, antes de tentar enrijecer a política monetária e puxar para cima as taxas de curto prazo a partir de sua faixa de variação, de zero a 0,25%. A expansão do nível de emprego, no entanto, está sendo neutralizada pela ausência de pressão inflacionária, o que adia as expectativas em torno de uma alta das taxas já no terceiro trimestre.

"Consideramos ser muito difícil construir um cenário no qual o Fed endureceria [a política monetária] até meados do ano na ausência de uma aceleração perceptível do crescimento dos salários", disse Lou Crandall, economista da empresa de pesquisa Wrightson Icap. "O Fed disse que precisará estar razoavelmente confiante quanto à sua previsão de aumento da inflação ao longo de um período de um a dois anos a fim de justificar um aumento das taxas."

Os dados mais recentes de salários, associados à pressão declinante sobre a inflação imposta pela queda dos preços do petróleo em relação aos US$ 100 o barril desde o terceiro trimestre de 2014, além da valorização do dólar, estimularam os operadores a apostar num provável início no fim deste ano de um ritmo morno de aumentos de juros pelo banco central.

A confiança do mercado de que a alta do Fed ocorrerá perto de meados do ano ficou abalada", disse Marc Chandler, estrategista da gestora de patrimônio Brown Brothers Harriman. "Os dados salariais foram uma grande decepção."

Embora as autoridades estejam prevendo que as taxas de juros de curto prazo aumentarão para 1% até o fim do ano, o mercado de bônus há muito minimizou as projeções oficiais. As perspectivas foram reforçadas pelo relatório de emprego relativo a dezembro.

"O mercado está contando com uma probabilidade de pouco mais que 10% de que o Fed elevará a taxa do interbancário para 75 pontos-base no fim do ano", disse John Brady, diretor-executivo da corretora de contratos futuros RJ O'Brien. Isso é acompanhado por uma alta dos títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo, cujo rendimento varia em relação inversa aos preços.

O rendimento sobre as notas de dois anos do Tesouro dos EUA, um termômetro das expectativas relativas à política de juros, caiu para menos de 0,60%, em relação ao recente pico de 0,74%.

Ao longo do espectro das taxas de juros para os próximos cinco anos, os operadores reduziram o ritmo das elevações das taxas. Agora são previstos menos de 50 pontos-base de aperto ao longo de cada um dos anos.

Embora o dólar americano tenha subido significativamente desde o terceiro trimestre e permaneça próximo de seu nível mais elevado, a moeda pode sofrer pressões.