A multimilionária angolana Isabel dos Santos anunciou nesta terça-feira a retirada de sua oferta pública de aquisição de ações da Portugal Telecom (PT SGPS) depois que o regulador da bolsa portuguesa a obrigou a oferecer um preço por ação muito superior ao de sua proposta.
Em comunicado enviado à Comissão da Bolsa de Valores lusa (CMVM), a empresa de Isabel que tinha realizado a oferta confirmou que desistiu de sua intenção de adquirir a PT SGPS, empresa cotada na Bolsa de Lisboa sem atividade operacional, mas que possui uma participação de 25% da operadora brasileira Oi.
A companhia através da qual a investidora angolana - considerada a mulher mais rica da África e com múltiplos interesses em Portugal - lançou esta oferta destacou hoje que "nunca pretendeu ser hostil" com sua proposta e que "fez todos os esforços a seu alcance" para que chegasse a um bom termo.
Seus responsáveis insistiram que o preço de 1,35 euro por ação oferecido por Isabel - hoje a PT SGPS cota a 1 euro - era justo, principalmente levando em conta "os fatos excepcionais divulgados nos últimos meses, que eram desconhecidos pelo mercado e tiveram um impacto acentuado em sua evolução na bolsa".
No entanto, a CMVM não viu nestes motivos razão alguma para permitir o descumprimento da legislação vigente, que exige que o preço mínimo não seja inferior à média dos últimos seis meses, o que obrigava à multimilionária africana a subir sua oferta até 1,94 euro.
Através da oferta, Isabel dos Santos pretendia se transformar em acionista da Oi e assim frear a venda do negócio da Portugal Telecom em Portugal, pelo qual a brasileira já aceitou uma oferta da luxemburguesa Altice de 7,4 bilhões de euros.
No entanto, para que a oferta seja finalmente aceita ainda é preciso também o beneplácito dos acionistas da PT SGPS, entre eles Novo Banco, Ongoing, Controlinveste e Visabeira.
O processo de fusão da Portugal Telecom com a Oi, iniciado há mais de um ano, representou a integração da parte operacional da empresa lusa na operadora brasileira, enquanto a da parte financeira (representada através da PT SGPS) ainda não foi efetuada.
Esta aliança, que inicialmente pretendia criar um novo gigante das telecomunicações em nível mundial, perdeu força em questão de meses e as principais autoridades de Portugal reconheceram sua decepção com o rumo da operação. EFE