Emmanuel Macron, novo ministro da Economia, é o protagonista do novo governo francês, com uma linha mais liberal para tentar enfrentar uma taxa desemprego recorde e dinamizar uma economia estagnada.
O presidente francês, François Hollande, nomeou na terça-feira um novo governo sem os principais representantes da ala mais à esquerda do Partido Socialista (PS), que criticavam sua política de austeridade, e com Macron, um ex-banqueiro do Banco Rothschild, como ministro de Economia.
Macron substituiu Arnaud Montebourg, cujas críticas à política de austeridade provocaram a maior crise da atual presidência.
"Chego cercado de uma fama conferida pela imprensa(...) Me julguem em função dos meus atos e das minhas palavras. É o que conta", declarou Macron durante a cerimônia de transferência do cargo de ministro.
Hollande presidiu nesta quarta-feira o primeiro Conselho de Ministros do segundo governo do primeiro-ministro Manuel Valls. O primeiro governo de Valls durou menos de cinco meses.
O presidente ressaltou sua exigência de "coerência" para cada um dos membros do governo, convocando-os a "preparar um futuro além de seus mandatos", projetando uma ação de longo prazo.
"Há debates entre nós, é algo necessário, mas devem acontecer no Conselho de Ministros e nas reuniões de governo", declarou Hollande.
Os representantes da ala mais à esquerda do PS, que pediam uma política de aumento do poder aquisitivo, no lugar da política de apoio às empresas de Hollande e Valls, classificaram a designação de Macron de "provocação irrisória".
"O que é? Neste país não se pode ser empresário, banqueiro, comerciante, artesão?", respondeu Valls, denunciando os "rótulos obsoletos e superados".
Para Pierre Gattaz, o presidente do Medef, principal organização sindical do país, "Emmanuel Macron tem três vantagens: conhece as empresas, conhece a economia de mercado e conhece a globalização". No entanto, é preciso esperar "os fatos e as medidas que serão tomadas" para avaliar com mais elementos, acrescentou.
"Ao optar por Macron, Hollande enviou uma mensagem muito clara aos agentes econômicos, à Comissão Europeia e aos investidores sobre sua promessa de promover as reformas e uma política de oferta", consideraram analistas do banco Crédit Mutuel-CIC.
A composição do novo governo corre o risco de reduzir ainda mais o apoio ao presidente socialista eleito em maio de 2012.
Os socialistas e seus aliados contam com 305 deputados, quando a quantidade necessária para a maioria absoluta é de 289. Mas um grupo de deputados que intensificou as críticas à política econômica e social do governo faz perigar esta maioria no Parlamento.
Eleito com o apoio dos ecologistas e de parte da extrema-esquerda, Hollande já não conta nem com estes, praticamente na oposição, nem com os Verdes, que abandonaram o governo quando Valls assumiu.