A visão mais geral é que a divergência da política monetária nos EUA e na zona euro favoreça o dólar e as bolsas europeias.
As estratégias recomendadas pelos bancos de investimento
para o próximo ano não divergem muito da tática que em 2014 sugeriram
para 2015. Se no final do ano passado, a recomendação era de adaptar a
carteira de investimento às expectativas de divergência nas políticas
monetárias da Fed e do BCE, para 2016 é a de tentar tirar partido da
efetivação dessas diferenças depois de os EUA terem feito a primeira
subida de taxas de juro em quase uma década.
Nas bolsas, as
ações europeias reúnem um consenso mais positivo que as dos EUA.
O Goldman Sachs analisou 12 ciclos passados de subida de juros na maior
economia do mundo. E chegou à conclusão que apenas em dois desses
ciclos, as ações europeias não bateram as norte-americanas. Também os
analistas do Credit Suisse defendem que “dada a nossa perspectiva de que
a Fed irá apertar as condições monetárias, que o euro desça até à
paridade, esperamos que uma recuperação dos lucros das empresas
europeias permita às ações da Europa ter melhor desempenho que as dos
EUA”. Já a BlackRock considera que após as subidas dos juros na maior
economia do mundo os investimentos a favorecer são “as ações,
particularmente as europeias e japonesas, em detrimento das obrigações”.
Para as bolsas do Velho Continente, a estratégia do Goldman
Sachs passa por encontrar empresas com dividendos atrativos e
sustentáveis e cotadas com exposição ao consumo interno. Entre as ações
mais recomendadas estão a Total, a Man Group, a Britvic, a italiana
Hera Spa e a Imperial Tobacco, por exemplo.
Não são apenas as
bolsas europeias a aparentarem sair beneficiadas com as direções
diferentes na atuação da Fed e do BCE. Os analistas doCredit Suisse
aconselham a que se prefira ter exposição a obrigações soberanas e
empresariais europeias em detrimento das norte-americanas.
No
mercado cambial, as fichas aparentam estar todas colocadas no dólar
norte-americano. Já para as matérias-primas as perspectivas são de que
permaneça o excesso de oferta que teve um peso decisivo na descida
expressiva no valor destas mercadorias. No caso do petróleo as
expectativas são de que continue em valores baixos, apesar de entidades
com o o Credit Suisse não descartarem uma recuperação na segunda metade
do ano. Entre as matérias-primas, o Goldman Sachs também aparenta
favorecer o ouro negro em vez de outras matérias-primas industriais como
os metais. Isto porque espera que a política econômica na China tenha
tendência para favorecer o consumo em vez do investimento.