O ministro das Finanças grego mostrou satisfação pelo acordo hoje alcançado com os parceiros europeus, mas não deixou de atirar farpas àqueles que tentaram “asfixiar este novo Governo grego”. Varoufakis regozijou-se por se ter conseguido combinar, no mesmo acordo, “a lógica e a ideologia” e que permitiu fazer constar a expressão de “excedente primário apropriado”.
Conseguido o acordo que permite à Grécia beneficiar de um prolongamento de quatro meses dos empréstimos europeus, o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, declarou que "conseguimos evitar uma sequência de muitos anos de sufoco de excedentes primários".
Mas apesar da satisfação demonstrada, Varoufakis não perdeu a ocasião para criticar aqueles que tentaram "asfixiar este novo Governo grego". O governante grego retomou a retórica do Executivo liderado por Alexis Tsipras sublinhando que "temos de dizer não a propostas" que contrariam o mandato atribuído pelo eleitorado grego.
Assumindo contentamento pelo acordo de quatro meses de extensão dos empréstimos, face aos seis meses requeridos por Atenas na proposta apresentada na quarta-feira, Varoufakis contrariou as palavras de Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos, que na conferência de imprensa imediatamente anterior à do ministro grego disse que o acordo alcançado "não é ideológico".
"Combinámos duas coisas que imaginámos contraditórias: lógica e ideologia", proclamou Varoufakis enaltecendo ainda o comunicado oficial resultante do Eurogrupo hoje reunido em Bruxelas que demonstra o "respeito pelas regras e pela democracia".
Em resposta a uma questão colocada por um jornalista sobre qual o excedente orçamental primário que Atenas terá de cumprir, Varoufakis não referiu valores e anunciou que tudo dependerá da evolução da própria economia grega.
"Vamo-nos referir a um excedente primário apropriado", elucidou Varoufakis antecipando aquilo que poderá vir a constar no documento oficial. Antes, porém, o Executivo helénico terá de apresentar, na próxima segunda-feira, uma proposta com as medidas que pretende implementar.
Ainda assim, o antigo professor de Economia revelou que "o excedente primário terá de ser positivo", mas "as instituições (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) aceitaram que 2015 é um ano difícil", pelo que será ajustado tendo em conta "a evolução da situação no terreno". Ou seja, o excedente deverá ser definido em consonância com aquilo que a economia grega for capaz de produzir.
Este é talvez um dos principais objectivos alcançados pelo Governo grego depois de semanas de avanços e recuos nas negociações mantidas com os restantes credores. No programa de assistência em curso na Grécia, estava previsto um excedente orçamental primário (sem contar com a dívida) de 3% em 2015 e de 4,5% em 2016.
Atenas pretendia redefinir o excedente para apenas 1,5%, garantindo assim folga orçamental que permitisse implementar algumas das medidas inscritas no programa de Governo com que o Syriza foi eleito nas legislativas de 25 de Janeiro.
( notícia do jornaldenegocios datado de 20 de Fevereiro de 2015 )
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