Franco dispara 29% e bolsa suíça regista maior queda desde 1988

15 janeiro 2015, 14:08
TraderIndex70
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A bolsa da Suíça está a registar uma queda acentuada e a moeda do país está em forte alta face ao euro e ao dólar, um reflexo da decisão surpresa do banco central da Suíça, que desistiu de manter um mínimo para a taxa de câmbio do franco suíço face à moeda europeia.

O SMI, principal índice da bolsa suíça, está a desvalorizar 12,58% para 8.041,36 pontos, naquela que é a maior queda diária desde 1988. A forte queda desde bolsa está a contagiar outros mercados europeus, com maior ligação à economia suíça, como a bolsa polaca. 

No mercado cambial as variações são ainda mais acentuadas. A moeda suíça está a transaccionar a 1,02 francos por cada euro, valorizando 17% face à última sessão. Cada moeda europeia já foi trocada esta quinta-feira por 0,85172 francos suíços, o que traduz um mínimo histórico para o euro neste par cambial. A valorização do franco, que está no nível mais elevado de sempre face ao euro, já atingiu 29%. 

Contra o dólar o franco suíço também já atingiu um máximo de três anos, com cada dólar a valer 0,8788 francos suíços. 

É desta forma que o mercado está a reagir à decisão surpresa anunciada esta quinta-feira pelo Swiss National Bank (o banco central do país), que decidiu desistir da ligação entre o franco e o euro. 

O banco central definiu em 2011 que a moeda do país deveria ter um câmbio mínimo de 1,20 francos suíços por euro, com o objectivo de proteger a economia suíça da turbulência originada com a crise da dívida soberana da Zona Euro. A autoridade monetária temia que uma queda do euro devido à crise da dívida ameaçasse a economia suíça devido à apreciação do franco. 

Agora, perante a tendência negativa do euro e a expectativa de mais quedas devido ao programa de compra de dívida pública que o BCE deverá anunciar na próxima semana, o banco central desistiu desta ligação do franco ao euro. O que apanhou o mercado de surpresa e está a gerar esta forte reacção dos activos ligados à economia suíça. 

"O franco suíço permanece em níveis elevados, mas a sobrevalorização diminuiu desde a introdução de uma taxa de câmbio mínima", justificou o banco central suíço num comunicado ao mercado, acrescentando que "a economia suíça foi capaz de se adaptar neste período a uma nova situação". 

Para compensar este "desligamento" do franco face ao euro, o banco central adoptou ainda outra medida de política monetária, ao baixar ainda mais a taxa de juro, que já estava em valores negativos. A taxa de juro dos depósitos foi cortada em meio ponto percentual, para -0,75%.   

Exportadoras e bancos afundam na bolsa

 A queda está a ser generalizada na bolsa suíça, mas as companhias exportadoras e financeiras, que são as mais penalizadas com a subida do franco, estão a ser as mais castigadas. 

Na banca, o UBS afunda 13,6%, o Julius Baer desvaloriza 13,43% e o Credit Suisse desce 12,88%. Entre as exportadoras destaca-se a Swatch, com as acções da fabricante de relógios a cair 13,09%. A farmacêutica Novartis e a cimenteira Holcim também caem mais de 10%.

 O "chief investment office" do UBS já antecipou que esta decisão do banco central terá um "grande" impacto na economia suíça. Estimou um impacto de 5 mil milhões de francos suíços, o equivalente a 0,7% do PIB do país. 

Os accionistas das empresas suíças que estão fora do país até podem estar a ganhar com a venda dos títulos na sessão de hoje, uma vez que a forte subida do franco face às outras divisas compensa a perda de valor das acções. 

"Para os investimentos internacionais, a valorização do franco suíço está a ser uma tentação para vender acções e realizar mais-valias", comentou à Bloomberg um gestor de activos da Storebrand Asset Management. 

Além das exportadoras e das companhias do sector financeiro, esta subida acentuado do franco suíço é também fortemente penalizadora para as empresas de turismo, uma vez que visitar este país ficará agora muito mais caro para os turistas. 

( notícia do Jornal de Negócios datado de 15 de Janeiro, 2015