Desempenho de Brasil, Equador e Venezuela prejudicará economia da América Latina, diz FMI

Desempenho de Brasil, Equador e Venezuela prejudicará economia da América Latina, diz FMI

30 abril 2015, 15:30
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Um pior desempenho das economias de Brasil, Equador e Venezuela, golpeadas pela queda nos preços das matérias-primas, arrastará a América Latina, que terá um crescimento de apenas 0,9% em 2015, afirmou nesta quarta-feira o Fundo Monetário Internacional.

"Prevê-se que o crescimento regional diminuirá pelo quinto ano consecutivo, alcançando um mínimo logo abaixo do 1%, para depois começar a se recuperar moderadamente em 2016", disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório "Perspectivas Econômicas: as Américas", lançado nesta quarta-feira em Santiago.

O relatório é uma ampliação das perspectivas globais que o FMI entregou há duas semanas sobre o futuro das economias latino-americanas.

"A grande correção em baixa do crescimento regional de 2015, de quase 1,4% em relação às previsões do FMI de outubro, responde à piora das projeções da América do Sul, em especial no Brasil, no Equador e na Venezuela, enquanto as perspectivas da América Central e do Caribe registraram uma pequena melhora", explicou o organismo.

Na sub-região, só Chile e Peru registram uma retomada do crescimento, "graças à aplicação de políticas expansivas e da eliminação de freios, no curto prazo, na atividade econômica", diz o relatório.

O FMI projeta para este ano uma contração de 7% na economia da Venezuela e um recuo de 1% para o Brasil, que é a maior economia da região e atravessa a sua pior recessão em mais de duas décadas.

"No Brasil o investimento privado segue representando um freio importante à atividade econômica, já que os persistentes problemas de competitividade são agravados pelos fracos termos de troca e a alta incerteza relacionada, entre outros aspectos, aos efeitos da investigação da Petrobras e ao impacto de uma seca prolongada sobre o fornecimento de energia elétrica. A confiança dos consumidores também piorou consideravelmente, em um contexto de inflação elevada, oferta de crédito mais restritiva e enfraquecimento incipiente do mercado de trabalho", explicou o FMI.

A economia da Argentina deve cair 0,3% em 2015, enquanto que no Equador o crescimento deve passar de 3,6% em 2014 para 1,9% em 2015.

Para o Chile, estima-se um crescimento do PIB de 1,8% em 2014 -o menor em cinco anos- para uma pequena recuperação de quase um ponto percentual, para chegar em 2015 a 2,7%. O Peru deve passar de 2,4 para 3,8% em 2015.

"Ainda assim, existem incertezas importantes que tornam nebuloso o horizonte nos dois países, relacionadas com as condições externas, com o impacto das reformas em curso no Chile, e com a lentidão nos investimentos em nível subnacional no Peru", alertou o organismo.

Diante desse cenário, o FMI estimula os países a concentrarem sua atenção nas taxas de câmbio, que podem "ter um papel crucial no ajuste em um contexto externo mais difícil", com a desvalorização das moedas locais, que pode incentivar a produção nacional e reduzir o déficit externo.

Por outro lado, a moeda fraca também requer que os países "mantenham as expectativas de inflação alinhadas com as metas oficiais" e ajustar seus déficit fiscais "sem colocar em risco a sustentabilidade da dívida".

A economia dos Estados Unidos continua em alta e o FMI prevê uma expansão de 3,1% para este ano, de 2,4% em 2014, baseada em "um gasto robusto em consumo", onde se inclui "uma maior consolidação do mercado de trabalho, preços da energia marcadamente inferiores e uma inflação baixa controlada que eleva as receitas reais".

No entanto, algumas dúvidas se mantêm sobre a maior economia do mundo, já que um dólar mais valorizado e o possível aumento das taxas no longo prazo podem complicar o avanço econômico, que, segundo o FMI, não será mantido por muito tempo, uma vez que o crescimento potencial estimado para o país é de 2%.

Em um contexto mundial em que a recuperação desigual da economia é a regra, o "crescimento sólido nos Estados Unidos contrasta com as perspectivas ainda moderadas para a zona do euro e o Japão" que somado à desaceleração da China beneficia especialmente a América Central e o México.

Beneficiada pelos vínculos que a unem aos Estados Unidos, de onde recebe um significativo número de remessas e para onde se dirige grande parte das exportações, a economia do México - a segunda maior da região - passará de 2,1% em 2014 para 3,0%.