Dólar zera alta após ata do Fed e fecha estável acima de R$ 2,83

Dólar zera alta após ata do Fed e fecha estável acima de R$ 2,83

19 fevereiro 2015, 02:20
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Na retomada dos negócios após o Carnaval, o dólar zerou a alta e fechou estável frente ao real, acompanhando o movimento de queda da moeda americana no exterior após o tom mais favorável à manutenção do afrouxamento monetário da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc).

Após operar em alta durante toda a sessão, o dólar comercial zerou os ganhos no fim do pregão e fechou em ligeira alta de 0,01%, encerrando a R$ 2,8316. Já o contrato futuro para março recuava 0,09% para R$ 2,842.

O tom da ata da última reunião do Fomc veio mais “dovish” que o esperado pelo mercado e levou o dólar a zerar os ganhos, passando a cair frente às principais divisas. 

O documento destacou que muitos membros do Fomc acham que elevação prematura da taxa de juros pode prejudicar a economia americana e que a deterioração no exterior pode representar um risco para os Estados Unidos. A preocupação de alguns dirigentes do Fed com a recuperação da economia americana levou a uma redução das apostas de que a autoridade monetária comece a normalização da política monetária em junho, podendo postergar essa decisão para o fim do ano.

Diversos membros do Fed  veem a contínua fraqueza da inflação como preocupante e destacam que um dólar forte pode restringir as exportações do país. Alguns membros do Fed se mostraram preocupados com reação exagerada do mercado com a retirada da palavra “paciente”. Isso é visto como um primeiro sinal para a autoridade monetária começar a subir a taxa de juros.

Os dados de atividade econômica nos EUA divulgados hoje reforçam essa visão. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) caiu 0,8% em janeiro ante dezembro, uma queda superior à esperada pelo mercado que era de 0,4%. Já a produção industrial em janeiro cresceu 0,2%, abaixo da expectativa do mercado que era de um avanço de 0,4%.

Lá fora, o dólar subia  0,31% diante do rand sul-africano,  0,06% diante da lira turca e 0,34% em relação ao peso mexicano.

Investidores continuam preocupados com a situação da Grécia e a negociação do país com seus credores na zona do euro. Um dia após classificar como absurda a proposta da Comissão Europeia de estender o plano de resgate, o governo da Grécia recuou e sinalizou que submeterá na quinta-feira o pedido de extensão do programa de ajuda financeira. Os ministros de Finanças da zona do euro agendaram, provisoriamente, uma reunião para sexta-feira para discutir a extensão do programa de resgate da Grécia, condicionado à apresentação, pelo governo grego, de um “pedido de conteúdo factível”.

O atual programa de resgate de 240 bilhões de euros deve expirar no fim deste mês, se não estender o acordo o país pode ficar sem liquidez e ser obrigado a deixar a zona do euro.

No mercado local, a projeção dos analistas no último Boletim Focus divulgado hoje mostrou um avanço na perspectiva para o câmbio para o fim de 2015. A mediana das apostas para o dólar para o fim do ano passou de R$ 2,80 para R$ 2,90. Na semana passada, a moeda americana chegou a fechar a R$ 2,8726 na máxima do ano.

Hoje o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou em reunião com os investidores em Washington que é possível atingir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB , mesmo após o déficit de 0,6% do PIB registrado em 2014 e com uma possível recessão da economia neste ano, mas as decisões devem ser tomadas “com presteza”.

Levy destacou que o governo está organizando uma agenda de investimentos e estuda tomar novas medidas, havendo espaço para cortar algumas despesas discricionárias. “Havia uma dúvida se o governo poderia adotar novas medida de ajuste, após o barulho que viu após os primeiros anúncios”, afirma Rogério Braga, sócio e gestor da Quantitas.

Por conta do feriado de Carnaval, o Banco Central não realizou os leilões de rolagem de contratos de swap nem os do programa de intervenção diária nos últimos três dias, devendo retomar essas operações amanhã.